O Vaqueiro

 

Escanchado no seu cavalo,

As patas no ar, olhar no chão,

Esporas finas ferindo as ancas,

Persegue o ligeiro barbatão.

 

No seu trabalho predileto

Transborda a satisfação

Ao derrubar o novilho,

Passando-lhe sobre a cabeça a mão.

 

A tarde volta cansado, aboiando,

Rouco, rasgado, gritando sem parar.

E,

Ao badalar do chocalho, no chote ligeiro,

Acompanhado do cachorro a latir,

O boi cisma do terreiro ao curral:

Corre, cai, muge, estremece, espuma,

Mas dali só sairá,

Para a ceia do próximo natal.

 

Hércules/1980