A Calma
Amo a calma que me cerca,
O ambiente que me acolhe,
A languidez do tempo,
A sonata do vento-briza,
Que insiste em tocar à relva.
Como são encantadores:
A mouqice do lagarto,
A surdez divina das plantas,
A lassidão do deserto,
O silêncio d’uma noite de verão.
A mansidão verde do mar
Num instante de um terral.
Tanto deslumbramento
Enleva a alma,
Acalma os sentidos,
Aproxima o meu ego de Deus.
Silenciem o estrondo dos canhões,
O ruído incomum dos aviões,
Desliguem os sons das zabumbas,
Martelando os meus ouvidos puros
Como o eco rude dos búzios.
Pois eu quero viver na paz,
Que só os anjos conhecem.
Não grite não, amigo,
Não atormente apavorando
A pureza do meu interior.
Deus me deu o dom de só ouvir
O que é divino.
A natureza é filha do silêncio,
Neta da quietude cósmica,
Bisneta da meiguice do dedo
Divino do Invisível.
Pois, meu pensamento só evolui,
Na suprema inércia das coisas
Que estão ao meu redor.
Hércules/2007
