Dia a Dia...

  

 "Saudade é lembrança de coisa boa"

  

 "Saudade só é saudade quando se perde a esperança"

Olha aí um CAUSO...

 

SÂNSCRITO, LÍNGUA MORTA

 

Entre as leituras que faço no meu dia a dia , sempre encontro muitas coisas interessantes, que não posso deixar de fazer comentários.

É que guardo um livro sobre Krisna desde o ano de 1983, e nunca tive o cuidado de fazer, folheando-o, uma leitura com calma.

Só no prefácio da edição já me deparei com um arrazoado do prof. Ricardo Mário Gonçalves, livre-docente de História Oriental da Universidade de São Paulo, quando ele faz uma citação em que trata do amor e diz: “o amante profano é um místico que se desconhece”.

O livro tem como título: O Néctar da Devoção.

No prefácio, o historiador analisa que: O Néctar da Devoção foi escrito em SÂNSCRITO  por Srila Rupa Govami Prabhupada. Consta que dois irmãos Dabira Khasa e Sakara Malika foram condenados ao ostracismo por terem aceito os cargos de ministro no governo do maometano Hussain Shah, de Bengala. A sociedade hindu daquela época, quinhentos anos atrás, era muito rígida e se um membro da casta “brahmana”, aceitasse prestar serviço a governos profanos era imediatamente condenado e rejeitado, com sentença em SÂNSCRITO.

Sim.   Mas em SÂNSCRITO?   O que é isso?

SÂNSCRITO foi um idioma sagrado da Índia. Era uma língua. Escrevia-se em SÂNSCRITO, lia-se em SÂNSCRITO e falava-se em SÂNSCRITO.

SÂNSCRITO é hoje língua morta. Atualmente não se escreve, não se lê e não se fala nesta língua.

A literatura em SÂNSCRITO é desconhecida.

Sim, desconhecida mais ou menos.

Nas minhas andanças pelo mundo anoto tudo o que vejo e ouço. É um absurdo de curiosidade.

Já estive na Indonésia. Lá visitei o Estado de Bali, capital “Dempasar”. Oceano Índico. Bali está aproximadamente a uns 800 kms da Austrália, precisamente de Darwin.

A Indonésia é formada de uma infinidade de ilhas. Basta olhar para o seu mapa, que já se tem uma tonteira com aquela loucura de pontos de terra no oceano.

Pois bom. Foi em Dempasar que conheci um senhor muito falante, com uma boa dicção, quando falava Português, que me serviu de guia, e que se dizia professor e exercia a profissão de advogado, como advogado, rábula,exercendo, na alta temporada, a função de guia turístico como “bico”.

Nas muitas conversar que tivemos, uma que ele me soltou, foi a impressionante informação de que a família possui uma pequena ilha do arquipélago, que forma o território da Indonésia, recebida como herança num testamento.

Testamento que, dizia ele, ainda hoje é guardado com muito carinho, pois está todo redigido em SÂNSCRITO.

Seu pai teve o cuidado de mandar que fosse todo traduzido para o balinês.

Balinês, porque cada ilha da Indonésia usa uma espécie de dialeto, apesar de a língua oficial ser o Indonésio. Balinês é a língua oficial do Estado de Bali.

O SÂNSCRITO foi falado e escrito no Cambódia, no Laos, Nepal, Indonésia e outros e, por motivo que se desconhece, talvez, por domínios estrangeiros, foi sendo substituído, chegando a não ser mais usada.

O Sânscrito era considerado a língua dos deuses. Litúrgica. Língua da felicidade. Era cultuada pelos vedas. Há notícias de que, alguns cultos derivados da cultura Veda, ainda hoje, oram e cantam nos seus templos em Sânscrito, por sentirem que os cânticos e as orações são puros, divinos.

Então, estando na cidade de Areia, Paraíba, visitando o Museu de Pedro Américo, literato e político do início do Séc.XX., vi numa estante um papelucho, desses que se apanha às pressas para uma anotação e lá estava: “Sânscrito é língua morta. Esta língua existiu na Ásia”.

Li, alhures, que o Sânscrito deixou muitos termos espalhados por todas as línguas. Na língua Portuguesa temos muitos termos, prefixos e sufixos absorvidos do Sânscrito.

A atividade comercial dos povos da época exportou essa cultura.

Há, também, a hipótese de terem os portugueses invadido aquelas regiões e dominado por muitos séculos, impondo suas culturas e língua.

Vi, na Revista época, n. 183/90, que “Fontes do século III mencionam relações diplomáticas (do Camboja, hoje, Cambódia) com a Índia setentrional, de onde, possivelmente, foram assimiladas influências “sassânidas” , que se impôs e com elas o Sânscrito.

Hércules/1999

 

Homenagens

A minha querida e amada esposa Madalena, fonte de inspiração poética e companheira de muitas viagens e aventuras pelo mundo.